Pioneiro no estímulo a geração de energia eólica no Brasil, o Ceará está prestes a lançar, até o meio deste ano, o seu primeiro atlas híbrido de energia solar e eólica. O estudo traz uma análise integrada dos recursos e potencial de geração do Estado abrangendo áreas do litoral e interior cearense. O novo atlas é uma demanda da Câmara Setorial de Energias Renováveis da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) e será um ponto de partida para a atração de novos investimentos para o Estado.
“Os estudos já estão prontos, estamos finalizando a compilação dos dados e as ferramentas de tecnologia da informação (TI), que irão auxiliar no acesso dos investidores às informações. Com o atlas, nós teremos condições de mostrar onde temos os melhores ventos e as melhores condições de radiação solar. Inclusive com apontamentos ligados a questões ambientais”, explica o presidente da Adece, Eduardo Neves.
O novo atlas coloca o Ceará em destaque em relação a outros estados quando se trata dos horários de pico na geração eólica, com maior potencial de geração no final da tarde e início da noite. “Esse é o nosso diferencial. A energia do Ceará tem mais valor do que a de outros estados. O nosso pico de geração é no momento de maior demanda, enquanto nos estados vizinhos ocorre mais na madrugada”, aponta Adão Linhares, secretário Executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra).
Atualmente, o Ceará tem 79 projetos eólicos em operação (2GW), cinco projetos em construção não iniciada (115MW) e 83 projetos cadastrados na Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), totalizando ~ 2,2 GW. A energia solar no estado está com quatro projetos em operação (137 MW), 14 em construção (390 MW), 110 projetos solares totalizando 3,7 GW e 1722 unidades com geração distribuída totalizando 36,6 MW.
Usinas Offshore
O levantamento apresentado pelo atlas ainda revela a possibilidade de construção de usinas offshore, com geração eólica em uma área de 10 mil quilômetros quadrados, onde a profundidade vai até 20 metros. Se forem consideradas as regiões com até 50 metros, a área passa para 19 mil quilômetros quadrados. “O Ceará é privilegiado não só pelos ventos, mas pela sua plataforma continental que é de baixa profundidade”, conta o presidente da CS Renováveis, Jurandir Picanço. Entre os diferenciais de geração de energia no mar, em comparação aos parques terrestres, estão a velocidade e a constância dos ventos em diferentes horários do dia.
“A gente está mostrando tecnicamente números até conservadores. Podemos conjugar a geração eólica com solar, e ainda tem o offshore com uma viabilidade muito próxima do onshore (parques em terra)”, diz Linhares. “Foi uma surpresa o tamanho do nosso offshore, e mostra que nós estamos preparados para gerar energia no mar”.
O atlas ainda conta com uma mostra das áreas degradadas do Estado, que não podem ser usadas para a agricultura, mas que podem ser aproveitadas para a geração de energia solar. Regiões como Inhamuns e médio Jaguaribe, por exemplo, além de altos níveis de radiação solar, oferecem terrenos de baixo custo para a viabilização de novos projetos.
O projeto
O novo Atlas Eólico e Solar do Ceará é um documento de acesso público, direcionado a profissionais do setor de energias renováveis, que irá fornecer informações técnicas quanto aos recursos eólico e solar no Estado do Ceará. O objetivo desse projeto é facilitar a identificação de áreas com bom potencial para geração de energia a partir de fontes renováveis, além de dimensionar o potencial eólico e solar por região do estado, aumentando assim a atratividade do Estado do Ceará para investimentos na área.
O Atlas, que está sendo desenvolvido a partir de um convênio entre Governo do Ceará, por meio da Adece, juntamente com Fiec e Sebrae, além de contar com a tradicional versão impressa, também estará disponível em plataforma online e interativa na internet, permitindo maior facilidade de acesso aos investidores e interessados na prospecção de áreas para construção de usinas. O Atlas também traz o mapeamento eólico offshore para indicar as regiões mais promissoras na costa do estado. Visando abranger o maior público possível e potencializar o alcance, o material será disponibilizado em formato bilíngue, com tradução para a língua inglesa.